quinta-feira, 14 de junho de 2007

Petróleo pode acabar em menos de 40 anos, alertam cientistas

Dados mostram que teto de produção petrolífera pode ser alcançado já em 2011.

Um grupo de cientistas criticou o estudo estatístico da energia mundial publicado na quarta-feira, 13, pela companhia petrolífera British Petroleum, segundo o qual as reservas "demonstradas" de petróleo bastam para cobrir 40 anos de consumo pelo ritmo atual, e avisaram que os recursos podem se esgotar em menos tempo.

Os cientistas críticos, dirigidos pelo Oil Depletion Analysis Centre, de Londres, afirmaram que a produção mundial de petróleo alcançará sua cota máxima nos próximos quatro anos. Em seguida, começará a cair de modo drástico, o que terá fortes conseqüências para a economia mundial e o estilo de vida.

O diretor do centro é o geólogo Colin Campbell, ex-vice-presidente de várias companhias petrolíferas, como BP, Shell, Fina, Exxon e Chevron Texaco. Ele disse ao jornal The Independent que a produção do petróleo mais barato e fácil de extrair chegou em 2005 a seu ponto mais alto e está em declínio.

Mesmo levando em conta para a análise o petróleo pesado de difícil extração, as reservas no fundo do mar, as jazidas polares e o líquido extraído do gás, o teto de produção será alcançado em 2011.

O principal analista econômico da BP, Peter Davies, também citado pelo Independent, discordou. "Não achamos que haja problemas absolutos de recursos. Quando chegarmos a essa situação, pode ser que ela se deva a um forte aumento do consumo ou a uma nova política de combate à mudança climática, não a um limite na produção".


Aquecimento


Jeremy Leggert, um geólogo que aderiu ao conservacionismo da mesma forma que Campbell e autor de um livro sobre a crise energética mundial, disse ao jornal que o caso do petróleo lembra a resistência de muitos, durante anos, a prestar atenção aos alertas sobre o aquecimento do planeta.

Ele lembrou que em 1999 as reservas petrolíferas do Reino Unido no Mar do Norte chegaram a um teto. Mas durante dois anos explicar abertamente o que acontecia equivalia quase "a uma heresia".

A análise da BP sobre as reservas mundiais (Statistical Review of World Energy) é o documento utilizado mais amplamente no setor. Mas, segundo Campbell, seus cálculos são muito políticos, baseados em dados oficiais de Governos e companhias.

"Quando eu estava à frente de uma companhia petrolífera, nunca dizia a verdade. Não fazia parte do jogo", lembrou.


Fonte: Estadão

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