Adeus ao Artista J.Toledo
O artista plástico surrealista, escritor, jornalista, cronista e fotógrafo J. Toledo morreu no sábado à tarde aos 60 anos. Cronista do Correio Popular desde o início da década de 90, Toledo deixou sua marca nas diversas artes em que atuou. Contemporâneo e amigo da escritora campineira Hilda Hilst, o cronista compartilhava com o leitor o seu humor refinado, ao mesmo tempo que harmonizava com a sua crítica mordaz.
J. Toledo teve sua primeira exposição surrealista aos 14 anos. Seus quadros fazem parte de acervos de museus como o Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo, onde expôs em 1970. No catálogo da exposição que fez no MAM, Theon Spanudis escreveu: "J. Toledo desenvolveu um surrealismo sui-generis que poderíamos chamar de existencialista". O próprio Toledo costumava lembrar que foi apresentado ao surrealismo por Sérgio Milliet.
Esteve muito próximo dos modernistas e tornou-se amigo e discípulo do artista plástico e arquiteto Flávio de Carvalho, de quem escreveria a biografia "Flávio de Carvalho - O comedor de emoções", lançada em 1994. J. Toledo levou cerca de dez anos para escrever sobre o amigo. Amizade era uma coisa levada muito a sério por J. Toledo. Depois que adotou o isolamento voluntário e passou a se dedicar à literatura - já que sua visão já não lhe permitia mais dedicar-se à fotografia e às artes -, o telefone passou a ser sua principal forma de relacionar-se com os amigos. De Hilda Hilst, Jorge Amado a Egas Francisco, todos recebiam ligações, na maioria das vezes na madrugada. Por quase 40 anos, J. Toledo trocou o dia pela noite.Carinhosamente, gostava de chamar os amigos de comadre ou compadre e preocupava-se com os problemas dos mais próximos. No ano passado, quando lançou seu último livro "Dois uísques em Cafarnaum", no Café Filosófico da CPFL, disse que "pouca coisa, quase nada, vale a pena no mundo de hoje. Mas o uísque, talvez, seja uma boa razão para continuar existindo." Nas suas crônicas semanais, publicadas às quintas-feiras no Caderno C, iniciava seus textos sempre com uma epígrafe. No dia 16 de abril de 1998, ele escolheu uma frase de Shakespeare: "Morrer, dormir... dormir, talvez sonhar..."
O Site oficial de J.toledo: http://www.angelfire.com/ri/casadosol/Jtoledo.html
1 Comentário:
Li o livro de Toledo sobre Flávio de Carvalho, uma biografia com B maiscúlo, duas vezes. Quem se interessa por história e leva a sério um belo texto, tem motivos de sobra para entender o porque do Brasil e sua cultura estarem apenas com 0,8% do PIB, após um consagrado Gilberto Gil ficar 6 anos esmolando no Governo.
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