segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

TV Digital chega no Brasil

TV DIGITAL - ELA CHEGOU - Brasil está, desde ontem, integrado à tecnologia que chega para mudar a forma de se transmitir e assistir televisão


O Brasil entrou ontem na era da TV digital. Trata-se da maior mudança da história da TV brasileira. Maior até do que a transição do preto e branco para as cores, há 25 anos. Mas pouca gente vai notar diferenças num primeiro momento. O sistema, que muda a forma de se transmitir e assistir televisão, permite ganho de qualidade de imagem e som, interatividade e multiprogramação. Mas, por enquanto, é recebido apenas na região da Grande São Paulo — e somente por quem já tem instalado um conversor para TV digital em televisores de resolução mínima de 720 linhas.

A televisão digital nipo-brasileira estréia incompleta. Das quatro grandes novidades que a tecnologia permite, está disponível só uma: a alta definição, que melhora a imagem. O telespectador terá de esperar pelas outras três. A interatividade permite serviços parecidos com os da internet. Não foi integrada aos equipamentos a tempo. A multiprogramação possibilita transmitir mais de um programa simultâneo, num só canal. Não interessou à maioria das emissoras.

Com a mobilidade, dá para assistir à TV aberta, de graça, no celular. Não existem aparelhos que funcionem nas redes de telefonia móvel do Brasil. “Os aparelhos devem chegar ao mercado ao longo do ano que vem”, afirmou Marco Aurélio Rodrigues, presidente da Qualcomm do Brasil, empresa que criou a tecnologia CDMA (concorrente da GSM).

Mesmo na Grande São Paulo, pouca gente teve a oportunidade de ver a estréia em alta definição. Os conversores, também chamados de set-top boxes, começaram a chegar ao grande varejo na última sexta-feira. Os aparelhos de decodificação eram vendidos por preços entre R$ 499,00 e pouco mais de R$ 1 mil. Ontem, era grande a expectativa de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciasse, no evento de inauguração da TV digital no Brasil, previsto para ocorrer às 20h30, um pacote de incentivos tributários que force a queda dos preços dos decodificadores. Quando o governo escolheu o padrão japonês para a TV digital brasileira, em 2006, falava-se que o conversor mais simples custaria em torno de R$ 100,00.

Os fabricantes evitam arriscar uma previsão de vendas para este mês. Thierry Tingaud, vice-presidente da STMicroelectronics, fabricante de chips para TV digital, projeta que, no próximo ano, serão vendidos de 500 mil a 1 milhão de conversores no Brasil. Para assistir aos programas com o máximo de qualidade é preciso ter uma televisão com 1.080 linhas de resolução (Full HD). Existem cerca de 1,2 milhão de aparelhos digitais em uso no Brasil — mas a grande maioria não é Full HD. A maioria dos televisores digitais possui menos resolução, 720 linhas. Eles também se beneficiarão da TV digital; só não aproveitarão ao máximo a qualidade das transmissões em alta definição. Para sintonizar a TV digital, é necessário adquirir o conversor. Existem televisores que já vêm com o conversor embutido, mas só agora elas começam a chegar ao mercado. Também é possível ligar o conversor numa televisão de tubo, mas a qualidade da imagem fica muito reduzida. A qualidade da imagem é uma das apostas das emissoras na TV digital.

Até agora, as indústrias investiram cerca de US$ 100 milhões no desenvolvimento de aparelhos de televisão e codificadores que transformam a imagem atual (analógica) na imagem digital de alta definição, com mais nitidez e melhor qualidade, segundo o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), Lourival Kiçula. De acordo com os próprios fabricantes, o consumidor não precisa se preocupar em trocar seu aparelho imediatamente, pois o atual sistema analógico ainda vai vigorar no País até 2016 — quando, pelo cronograma do Ministério das Comunicações, se espera que a TV digital esteja totalmente implementada.

Pelo cronograma, a transmissão que começou ontem na Grande São Paulo deverá estar implantada até 2010 em Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro, Salvador e Fortaleza. A expectativa é de que as três primeiras capitais já adotem o sistema no primeiro semestre do ano que vem. Em 2011, pelas metas do ministério, todas as capitais serão obrigadas a ter o sinal digital no ar. A data é considerada conservadora, pois o governo espera que esse patamar seja atingido no início de 2009.

Em 2013, termina o prazo para que as retransmissoras tenham sinal digital. A partir daí, todas as cidades com sinal analógico — que sairá do ar no dia 29 de junho de 2016 — passam a ter também o digital.

Segundo o presidente da Eletros, no início da era da televisão digital no Brasil poucos programas serão gerados dentro do novo sistema, embora as emissoras já estejam se adaptando. Posteriormente, com a entrada de um software já desenvolvido no Brasil — o Ginga —, haverá interatividade e será possível assistir aos canais novos gerados pelos transmissores digitais. Kiçula diz esperar que os países da América Latina também optem pelo sistema japonês de TV digital, para que seja possível exportar os televisores digitais produzidos no Brasil.


TV digital: E agora?

A entrada da TV digital pode nos trazer algumas perguntas sobre o futuro da televisão. Afinal, o que muda? Precisamos comprar uma TV digital? E o conversor? E a antena?

A transmissão do sinal de TV digital vai ocorrer junto com a transmissão analógica, que é a que temos hoje. A transmissão dos dois tipos de sinal vai ocorrer simultaneamente até 2016. E para quem não quer ou não pode mudar para a TV digital agora, não vai mudar nada.

Uma outra questão importante a ser dita é sobre as TVs de plasma e LCD. Os modelos mais vendidos, que vêm baixando de preço nos últimos meses, possuem 720 linhas de definição. O sinal da TV digital vai ter 1080 linhas de definição. Ou seja, a maioria das TVs “fininhas” não vai aproveitar ao máximo a definição transmitida. As TVs mais novas já estão sendo oferecidas nos padrões de 1080 linhas, mas seus preços são mais altos, acima dos R$ 5 mil. A TV digital deverá se tornar mais acessível após o primeiro ano de implantação.

Para quem puder aderir agora, é preciso comprar uma antena que suporte a recepção dos sinais digitais e um conversor, chamado de set-top box. São eles que vão receber o sinal e convertê-lo para a projeção na tela da TV. Finalizando, para aproveitar ao máximo a qualidade do sinal, o cabo que deve ser ligado entre o conversor e a TV deve ser do tipo HDMI (High Definition Multimedia Interface), que possibilita a transmissão de todas as características de imagem e som para a TV.

Bandeirantes e Globo já produzem no novo padrão

Primeiros programas em alta definição no Brasil serão novelas e eventos esportivos, e as duas emissoras saem na frente

As emissoras já estão investindo em equipamento para gravar os programas em alta definição. Os primeiros programas em alta definição no Brasil serão as novelas e os eventos esportivos: Duas Caras, da Globo, e Dance Dance Dance, da Bandeirantes, estão transmitindo no novo sistema antes mesmo da TV digital ter sido lançada. Os telespectadores nem precisarão ficar tão atentos para ver possíveis defeitos nos cenários ou encontrar rugas nos rostos dos artistas, por mais maquiados que eles estejam, pois os detalhes serão muito ricos.

De acordo com o engenheiro do Laboratório de Engenharia Elétrica da Universidade de Campinas (Unicamp), Fabbryccio Cardoso, os custos das produções das emissoras tendem a quadruplicar, já que será necessário um cuidado maior com a produção. O cenário deverá ser feito com maior qualidade para não parecer artificial (tijolos, por exemplo, terão que ser tijolos de verdade). “Na (TV) analógica, a imagem é mais mascarada”, disse. O laboratório onde Cardoso trabalha participou de cinco projetos para a concepção do sistema digital brasileiro. Entre eles, o canal de retorno, interatividade e transcodificação de vídeo.

Para quem tem TV a cabo, nada muda com a transmissão digital porque os canais por assinatura já são digitais, mas não têm alta definição. Cada empresa tem um cronograma definido para transmitir a programação em um novo formato. Mas, em todos os casos será preciso trocar o decodificador de TV paga para melhorar a definição da imagem. Até agora, só a Net tem um conversor híbrido.

Os sistemas

Existem em todo o mundo três sistemas de TV digital — o sistema americano (ATSC), o sistema europeu (DVB) e o sistema japonês (ISDB). O padrão escolhido para o País, de acordo com decreto do governo federal, foi o sistema japonês, que vai possibilitar a transmissão digital em alta definição (HDTV) e em definição padrão (SDTV); transmissão digital para recepção fixa, móvel e portátil e interatividade.

As emissoras de TV receberão um canal de radiofreqüência com largura de banda de 6 MHz para cada canal analógico que possuam. A transmissão analógica continuará ocorrendo, simultaneamente à digital, até 2016. A partir de julho de 2013, somente serão outorgados canais para a transmissão em tecnologia digital. Deverão ser consignados pelo menos quatro canais digitais para a exploração direta pela União Federal, como canal do Poder Executivo, Canal de Educação, Canal de Cultura e Canal de Cidadania. CORREIO DIGITAL


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